O Milagre de Sta Luzia é uma viagem pelo Brasil que toca sanfona conduzida por Dominguinhos, principal sanfoneiro vivo do país. Entre encontros acompanhados de muita música e reunindo depoimentos dos mais representativos sanfoneiros brasileiros, o filme faz um mapeamento cultural das diferentes regiões do país onde a sanfona se estabeleceu. A película guarda preciosos registros de importantes personalidades da música popular brasileira, como o poeta Patativa do Assaré, Sivuca e Mário Zan, falecidos pouco tempo depois de sua participação no filme.
Ficha Técnica:
Título Original: O Milagre de Sta Luzia
Gênero: Documentário
Duração: 104 min.
Lançamento (Brasil): 2009
Distribuição: Miração Filmes
Direção: Sérgio Roizenblit
Roteiro: Sérgio Roizenblit
Direção de produção: Marilia Alvarez
Produtor associado: Fernando Fraiha
Assistentes de produção: Mariana Trevas, Rosemere Gonçalves Mendonça, Bruno Pontes, Thiago Barreto, Claudia Alcântara
Consultoria e pesquisa: Myriam Taubkin
Co-produção: Miração Filmes
Som: Pedro Noizyman
Som direto: João Godoy, René Brasil, Thiago Bittencourt
Fotografia: Sérgio Roizenblit, Rinaldo Martinucci
Elenco:
João Miguel ........ narração
Rochelle Hudson ....... narração
Dominguinhos
Patativa do Assaré
Arlindo dos Oito Baixos
Hélder Vasconcelos
Joquinha Gonzaga
Camarão
Genaro
Pinto do Acordeon
Dino Rocha
Elias Filho
Renato Borghetti
Thelmo de Lima Freitas
Ricardo Arenhaldt
Edson Dutra
Luiz Carlos Borges
Luciano Maia
Júlio Rizzo
Gilberto Monteiro
Bagre Fagundes
Oscar dos Reis
Mario Zan
Oswaldinho do Acordeon
Toninho Ferragutti
Gabriel Levy
Raimundo Campos
Sivuca
Prêmios e Indicações:
• 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
vencedor do Candango de Melhor Trilha Sonora e o Prêmio Vagalume de Melhor Filme.
Curiosidades:
• O documentário marca a estreia de Sérgio Roizenblit na direção de um longa-metragem. Roizenblit é diretor dos vídeos Violões do Brasil, Violeiros do Brasil e O Brasil da Sanfona, do Projeto Memória Brasileira, de Myriam Taubkin, lançados em DVD.
• O filme é baseado em O Brasil da Sanfona, do Projeto Memória Brasileira, de Myriam Taubkin.
• Há mais de trinta anos sem viajar de avião, Dominguinhos conduz sua caminhonete pelas diversas regiões onde a sanfona ganhou destaque e onde surgiram seus maiores intérpretes. O longa busca compreender o universo do instrumento em cada uma dessas localidades: o nordestino e sua saga de retirante, a partida e o desejo de um dia voltar; o pantaneiro e sua atitude contemplativa, conectada ao tempo da natureza; o gaúcho e sua ode às tradições, o orgulho pela terra natal; e o paulista que, dividido entre a cultura caipira tradicional e o cosmopolitismo da metrópole, cria um estilo no qual todas as tradições estão presentes.
• O título do filme – O Milagre de Sta Luzia — presta uma homenagem a Luiz Gonzaga, que nasceu no dia da santa, 13 de dezembro, e foi batizado com seu nome. A homenagem se justifica pelo trabalho do “Rei do Baião”, cujo sucesso abriu as portas para a existência de uma cultura regional dentro da indústria cultural no País. Também de homenagem ao pernambucano são os versos recitados pelo poeta Patativa do Assaré, em entrevista concedida a Roizenblit.
• A ideia da realização do documentário nasceu há cerca de dez anos, quando o diretor participou do Projeto Memória Brasileira, de Myriam Taubkin. Sérgio Roizenblit dirigiu os vídeos-cenários de O Brasil da Sanfona, série de shows realizados pelo SESC/SP, em 2001, e posteriormente (2003) lançada em DVD, com a inclusão de depoimentos de sanfoneiros e poetas brasileiros.
• A maioria dos depoimentos do filme foi captada ao longo do ano de 2006, mas conta com entrevistas gravadas em 2001, como a de Patativa do Assaré. A equipe percorreu o Brasil, passando pelos Estados de Pernambuco (cidades de Exu, Serrita e Recife); Paraíba (João Pessoa), Mato Grosso do Sul (Barra Mansa), Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Bagé e Santana do Livramento), Minas Gerais (Serra dos Aimorés e Turmalina) e São Paulo (São Paulo).
• O poeta Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva, 1909-2002), Sivuca (Severino Dias de Oliveira, 1930-2006) e Mário Zan (Mario Giovanni Zandomeneghi, 1920-2006), falecidos pouco tempo depois de sua participação no filme.
• José Domingos de Moraes, o Dominguinhos, nasceu em Garanhuns, Pernambuco, em 1941. Aos 6 anos de idade, começou a tocar, com dois irmãos, em feiras livres e portas de hotéis do interior de Pernambuco.
• Seu pai, mestre Chicão, foi um famoso tocador e afinador de foles de oito baixos que ainda criança, aos 8 anos de idade, conheceu Luiz Gonzaga na porta de um hotel em que este se apresentava com o trio "Os Três Pinguins" (formado por ele e mais dois irmãos). Luiz Gonzaga acabou se tornando o padrinho artístico de mestre Chicão. Em 1954, Dominguinhos mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar com o pai e o irmão mais velho no município de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Nessa ocasião, recebeu do padrinho Luiz Gonzaga uma sanfona de presente.
• Seu nome artístico foi uma sugestão do padrinho, que achou que o apelido de infância, Neném, não o ajudaria na trajetória artística. Com a sanfona que ganhou de Gonzagão, passou a percorrer o interior do Rio de Janeiro na companhia dos irmãos, apresentando-se em circos e arrasta-pés.
• Em 1957, aos 16 anos, fez sua primeira gravação, tocando sanfona num disco de Luiz Gonzaga, na música "Moça de feira", de Armando Nunes e J. Portela. No mesmo ano, em viagem ao Espírito Santo, com Borborema e Miudinho, formou um trio, batizado de “Trio Nordestino”. Tomou contato com outros ritmos musicais e aprendeu a tocar samba e bolero. Em 1965, foi convidado por Pedro Sertanejo, então diretor da recém-inaugurada gravadora Cantagalo, para gravar um LP destinado ao público migrante nordestino e, com isso, voltou a tocar forrós e baiões. Em 1967, participou de uma excursão de Luiz Gonzaga ao Nordeste, como sanfoneiro e motorista. Também fazia parte do grupo a cantora pernambucana Anastácia. Os dois iniciaram então uma carreira artística conjunta e um relacionamento amoroso que os levou ao casamento. Em 1972, depois de vê-lo tocando num show de Luiz Gonzaga, o empresário Guilherme Araújo convidou-o para trabalhar com Gal Costa e Gilberto Gil. Posteriormente, Dominguinhos trabalhou um ano e meio com Gilberto Gil, que gravou o maior sucesso do sanfoneiro, em parceria com Anastácia, "Eu só quero um xodó", que teria em pouco tempo cerca de vinte regravações, inclusive algumas no exterior. Participou como instrumentista de inúmeros shows de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.
• Na década de 1980, suas composições "De volta pro meu aconchego", em parceria com Nando Cordel, gravada por Elba Ramalho, e "Isso aqui tá bom demais", em parceria com Chico Buarque, e gravada pelos dois, foram incluídas na novela Roque Santeiro, da TV Globo, o que fez aumentar nacionalmente sua popularidade. Teve suas composições registradas por diferentes intérpretes, entre os quais Fagner, que gravou "Quem me levará sou eu", e Maria Bethânia, que gravou "Lamento sertanejo".
• Em 2001, foi homenageado no 11º Festival de Inverno de Garanhuns, sua cidade natal, com um concerto sinfônico. No início de 2003, gravou com Sivuca e Oswaldinho do Acordeon um disco que registrou o encontro de três dos maiores sanfoneiros em atividade no país, produzido por José Milton, com repertório escolhido na hora e arranjos feitos no próprio estúdio, no qual aparecem composições como "Maria Fulô" e "Feira de Mangaio", de Sivuca, além de muitas de autoria de Luiz Gonzaga, resultando numa homenagem natural ao “Rei do Baião”.
• Em 2006, após cinco anos sem lançar disco solo, lançou o CD "Conterrâneos", pelo qual recebeu o Prêmio TIM de Música 2007, na categoria Regional — Melhor Cantor. Em 2007, a gravadora Biscoito Fino lançou o CD "Yamandu+Dominguinhos", em que os dois instrumentistas tocam num dueto de violão e sanfona.
• Em 2008, foi o grande homenageado no Prêmio Multishow. Na ocasião do show de entrega dos prêmios, apresentou oito números em duetos. Em cinquenta anos de carreira, Dominguinhos recebeu seis Prêmios Sharp. (fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira)
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